sexta-feira, 4 de julho de 2014

Café

Não sei o que se passa.
Talvez tenha apenas saudade do cheiro a alperce na pele.
Sempre gostei do rebentar das ondas
E a vida sem o som das ondas,
Sacudindo-me o corpo todo,
Levando para bem longe a tristeza
E o vício
E a espera,
Não é de todo a mesma coisa.
Se calhar é só saudade das ondas.
Das ondas do teu cabelo,
Da curvatura do teu peito definido.
Um êxtase de perfeição
Semi-divina,
Semi pecaminosa.
Todos somos semi-deuses,
E semi-pecadores.
Nunca foi desejo o que senti.
Já o disse e repito:
Foi mais uma curiosidade felina
Uma atracção incontrolável.
O problema...
O problema foram sempre
As doses infinitas de carinho que lhe andavam associadas.
E o carinho,
Se  não esmorecia o desejo,
Sobrepunha-se a ele, sufocando-o,
E deixando-me com o sentimento amargo
De dever cuidar ao invés de querer.
Nunca quis que assim fosse.
Isto só prova que as coisas são como são
Por si mesmas
Sem que tenhamos qualquer poder sobre elas.
Não se trata de determinismo,
Preciosismo
Ou tentação.
Ilusão.

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